sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Tupperwarizar

A Guarda precisa de agitação, de movimento, de coisas novas, ideais loucas, extravagantes… Mas ideias!!!

Olhai o quão excêntrico foi a torre Eiffel na exposição de Paris…

Nós por cá, depois da invenção dos frascos de “Ar da Guarda”, nada mais se criou, nada mais sobreveio, excepção feita a uma ou outra qualquer marquise projectada por engenheiros de qualidade…

Ora de notícias da Guarda, nada mais tem brotado senão a engenharia – ou falta dela – que por cá circulou. Nada mais desabrocha do que velhinhas andróginas e caquéticas, remordendo uma última côdea de broa e amparadas numa soleira desgastada, desfiando a vida entre bordados…

Mas, porque não abraçar a engenharia como ponte para o futuro? Desfrutamos de um património que por si só é uma mais-valia. Pena é, que esteja votado ao abandono. Porque não ressuscitá-lo? Porque não, no mínimo, oferecer-lhe uma cirurgia plástica?

Se há que ser idiota, vamos ser idiotas com o que já temos!

Propomos que se mande marquizar a Sé. Com são e reluzente alumínio…

Não! Melhor ainda… Vamos TUPPERWARIZAR a Sé-Catedral!!

Que se crie uma bolha gigantesca em tupperware de elevada resistência em redor da Sé!!!

As vantagens são inúmeras:

A durabilidade é imensa, existe toda uma panóplia de tons, e é do mais Avantgarde possível…

E como todos sabem, o tupperware é resistente ao microondas e conserva o calor… e o que de mais agradável seria vislumbrar um belo nevão na praça Luís de Camões, recolhidos no aconchego de um telhado da Sé abrigada por uma cúpula de tupperware?…

Em lado nenhum no mundo existem cúpulas de tupperware… e não é porque a ideia seja má! É porque ninguém a teve ainda… O mais parecido com isto foi a pirâmide no Louvre… O tupperware não quebra como o vidro…

Ao tupperware não adere o musgo, nem a cagadela de pombo… O que se vai poupar em limpezas… Nos dias de chuva, bastará derramar umas gotas de Fairy no topo da cúpula para esta ficar resplandecente e desengordurada… Já para não falar na festa de espuma à borla…

Até El-Rei, que foi promovido a latrina comunitária dos transeuntes embriagados, vai agradecer não continuar a ser baptizado por fezes pombalinas…

Se a moda pega, é só começar a tupperwarizar a igreja de S.Vicente, a Capela do Mileu, a Misericórdia, a Judiaria, o Jardim José de Lemos com a vantagem de o transformar em estufa hortícola com todas aquelas couves e palmeiras tropicais… Deixar-se-á apenas de fora o paradigmático TMG… que é por si só a primeira tentativa frustrada de tupperwarização na cidade.

Em suma, tupperwarizar tudo o que é monumento… E registar a patente… não vão vir cá quaisquer imperialistas roubar-nos os ex-libris…

O Tupperware é da Guarda”… quer dizer… não é… que temos de o mandar vir de fora… mas podia passar a ser… negociava-se toda a produção de tupperware para as instalações da Delphi…

As possibilidades são infinitas… quem pense que o modesto tupperware, só serve para conservar o guisado de favas para mandar ao filho doutor, que diz estudar lá fora, na longínqua e veneranda cidade de Coimbra – que não está conservada em tupperware apenas porque está preservada em álcool – ainda não compreendeu toda a potencialidade desta tecnologia.

O que é Portugal se não um ‘piqueno e mediano’ tupperware encarnado com tampinha verde?… Daqueles que se levam para os picnics com deliciosa feijoada… e na volta, retorna oco e gorduroso, mas sempre luzindo os seus encantos exteriores…

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